Cientistas australianos anunciaram, esta quarta-feira (14), ter conseguido ensinar os marsupiais, ameaçados de extinção, a evitar a ingestão dos venenosos sapos-cururu, uma medida que, acreditam, ajudará outras espécies ameaçadas a sobreviver.
Ecologistas da Universidade de Sydney revelaram ter conseguido treinar o gato-marsupial (Dasyurus hallucatus) a suprimir seus instintos e se recusar a comer os anfíbios invasores, que viraram praga em várias partes do país.

Gato Marsupial está ameaçado de extinção. (Foto: Wildlife Explorer/Wikimedia Commons)
A ingestão desta espécie de sapo é fatal para os marsupiais. Mas os cientistas conseguiram condicioná-los a evitar se alimentarem destes animais na natureza, disponibilizando para eles sapos pequenos salpicados com um produto químico enjoativ
"Ocorreu-me que se nós pudéssemos ensinar os gatos-marsupiais a associar o mal-estar aos sapos-cururu, poderíamos encontrar uma forma de preservá-los", disse o cientista Jonathan Webb.
Os resultados, publicados no Jornal de Ecologia Aplicada da British Ecological Society, demonstraram que os gatos-marsupiais jovens submetidos ao 'tratamento' de aversão pelo paladar eram mais propensos a associar o sapo-cururu à sensação desagradável e, assim, evitá-lo.
Os animais foram marcados antes de serem soltos na natureza e os pesquisadores descobriram que os gatos-marsupiais condicionados sobreviveram até cinco vezes mais que os outros.
"Nossos resultados demonstram que este tipo de abordagem funciona", disse Webb.
"Se você consegue ensinar ao predador que os sapos-cururu o fazem sentir-se doente, então o predador os deixará em paz em seguida. Como resultado, animais como os gatos-marsupiais podem sobreviver na natureza mesmo em uma área infestada por estes anfíbios", acrescentou.
O gato-marsupial enfrenta a ameaça de extinção em muitas partes do país, enquanto os sapos-cururu se espalham em alguns de seus poucos hábitats remanescentes.
Segundo os cientistas, o próximo desafio será aumentar a escala de seu trabalho para que faça a diferença em populações selvagens de outras espécies que se alimentam de sapo-cururu, como as iguanas e os lagartos de língua azul.
"Primeiro, temos que checar se a aversão que criamos aos sapos-cururu é duradoura", explicou o professor Rick Shine.
"Se for o caso, o próximo passo será refinar nossos métodos de entrega, por exemplo, talvez agências de proteção da vida selvagem pudessem distribuir por via aérea 'iscas anfíbias' antes da invasão de sapos-cururu para educar os marsupiais a evitar atacá-los", concluiu.